Aristides Bonança

Até Quando Seremos Fantasmas

Aristides Bonança


Não grite o meu nome
ninguém vai me reconhecer
quando a minha cabeça explodir contra a parede.

Não importa o quanto sangrar
minhas mãos serão claras e frias,
não importa o quanto chorar
seus cabelos cairão em minhas mãos.

Eu sei como vai ser vazio
deixe as roupas sujas no varal.

Deito os meus lábios sobre os seus olhos como um pai
e já não sinto tanto medo do escuro,
pinto o meu coração com esmalte e enxofre
e quem precisa de portas abertas?

Eu sei como vai ser estranho,
nenhuma sombra vai regar nossa casa,
não precisa ser tão diferente,
até quando seremos fantasmas?