Ao Cubo

Proibido Chorar

Ao Cubo


A cada dez horas, uma criança é morta no Brasil
Homicídios contra crianças e adolescentes é de 16%.
Os adolescentes são responsáveis por apenas 1% dos homicídios praticados,
Portanto, não são os principais responsáveis pela criminalidade.
Na verdade, são vitimas da violência e da exclusão social no País.

Já viram de tudo, menos amor e sossego.
No berço da violência, crescem sem fé e sem medo.
Entre armas e fardas, raiva, causa e desespero;
Não sei o que eu seria sendo assim desde cedo.
Fecharam todas as portas e depois deram as costas;
Já desacreditei de endireitar pessoas tortas.
Mas, quem sou eu pra duvidar?
Já vi muitos milagres.
Vi tanto bandidão transformado de verdade.
Eu sei, tem uns covardes que se esconde atrás da bíblia.
O quê? Ódio é doença e tem cura, é só querer.
Vários manos querem ter referência, estão confusos;
Vendo pai em combate, fuzilado, de bruços.
Criado pela rua, pela pedra, é o motivo;
Alguma coisa não tá bem.
São apenas meninos pedindo socorro,
Esperando alguém ajudar.
É proibido chorar.

Socorro me ajuda,
Por favor, me ajuda!
Se tiver alguém aí com Fé;
Não consigo mais ficar em pé.
Socorro me ajuda,
Por favor, me ajuda!
Se tiver alguém aí com Fé;
Não consigo mais ficar em pé.

O desprezo sofrido, ofensa do mais alto nível.
São herdeiros do craque; como isso é possível?
Quem que cresce normal depois de um parto no lixo?
A sequela é a ação, e a reação é terrível.
Varias internações em orfanatos e FEBEM;
A viciada que te teve não te quer bem.
Lembra como ninguém, e é impossível esquecer.
Pai procura outra mãe: Não gosto mais de você.
Ela deve saber que o veneno amarga,
Ainda deve sentir o sabor das palavras.

Sou muito pequeno pra me defender.
Não vê que isso machuca?
Quer me ver sofrer?

Quem conhece o ditado: tal pai, tal filho;
Se a mulher é isso aí, imagine o divino?
Depois dos longos 11 anos e meio de reclusão,
Na capivara registrado: ex-preso, ex-ladrão.
Sem trampo, doente, sem dente, sem profissão;
Os trapos no corpo, um lanche e a passagem do busão.
Permissão pra liberdade, presente de grego;
Vai lá pro último lugar
Na disputa injusta pelo emprego.
Marcado pelo antecedente atrás da grade,
Num mundão monstrão bem pior de volta,
Sem massagem.
Catar umas latinha, uns papelão.
Jamais vai pra trás da muralha
Juntamente com outros pais.
Maldição hereditária voraz, é bem capaz;
Espírito do mal, pega o que é seu e sai!
Se ninguém estende a mão, como vão dar um breque?
Se os moleques tão perdido e nem passa dos 17?
Só uma razão pra crer e várias pra duvidar.
É proibido chorar

Socorro me ajuda,
Por favor, me ajuda!
Se tiver alguém aí com Fé;
Não consigo mais ficar em pé.
Socorro me ajuda,
Por favor, me ajuda!
Se tiver alguém aí com Fé;
Não consigo mais ficar em pé.

O desespero é o comando,
Rajada, droga e tortura é o ninho;
Onde os assassinos nascem e crescem em fartura.
Descaso sem culpa nenhuma, e ninguém quer saber;
Jogados na vala, sem fala, programados pra morrer.
E o ódio traz mais ódio, e não para de crescer;
É o mal que o fogo faz quando começa a arder.
E pra ter e manter a sanidade sempre estável,
Entre os sobreviventes é só mais um miserável.
Num fundo do fundo, queriam ser normais;
Até um mau aluno, desses que reprovam,
E pro futebol largam tudo;
Desses que apanham na mão,
Castigos pra correção;
Mas saber que alguém se importa
E que dá atenção.
Não, não, não!
Não é caso de polícia, nem de Estado corrupto;
Que só faz viaduto pra desviar mais tributo.
Na moral, quem tá sã?
Quem é o sal da terra, o adubo?
Quem que foi chamado pra transformação e luz do mundo?
Esqueceu, o pobre, é, esqueceu;
O reino é perder rumo e esquecer pra que veio;
Lembre sempre do Ao Cubo.
Todos são Teus, na claridade ou no breu;
Num quer perder nenhum filhote, não vai dar, nunca deu.
Precisa mais que clamor, ação do adorador;
Levanta e marcha, soldado, sua missão não acabou!
Pra que vamo dividir se a ordem é se misturar?
É proibido chorar.

Socorro me ajuda,
Por favor, me ajuda!
Se tiver alguém aí com Fé;
Não consigo mais ficar em pé.
Socorro me ajuda,
Por favor, me ajuda!
Se tiver alguém aí com Fé;
Não consigo mais ficar em pé.