O amor é inútil: luz das estrelas A ninguém aquece ou ilumina E se nos chama, a chama delas Logo no céu lasso declina. O amor é sem préstimo: clarão Na tempestade, depressa se apaga E é maior depois a escuridão, Noite sem fim, vaga após vaga. O amor a ninguém serve, e todavia A ele regressamos, dia após dia Cegos por seu fulgor, tontos de sede Nos damos sem pudor em sua rede. O amor é uma estação perigosa: Rosa ocultando o espinho, Espinho disfarçado de rosa, A enganosa euforia do vinho.