Minha vida Era um palco iluminado, Eu vivia vestido de dourado, Palhaço das perdidas ilusões! Cheio dos guizos falsos da alegria, Andei cantando a minha fantasia Entre as palmas febris dos corações! Meu barracão lá no morro do Salgueiro, Tinha o cantar alegre de um viveiro, Foste a sonoridade que acabou! E hoje, quando do sol, a claridade, Forra o meu barracão, sinto saudade Da mulher pomba-rola que voou! Nossas roupas comuns dependuradas, Na corda, qual bandeiras agitadas, Pareciam estranho festival! Festa dos nossos trapos coloridos A mostrar que nos morros mal vestidos É sempre feriado nacional! A porta do barraco era sem trinco, Mas a lua, furando o nosso zinco, Salpicava de estrelas nosso chão! Tu pisavas os astros distraída, Sem saber que a ventura desta vida É a cabrocha, o luar e o violão!