Antônio Jocélio

Farelos de Amor

Antônio Jocélio


Teu coração foi estojo
Dos meus leais sentimentos
Desfeitos pelo arrojo
Dos teus fúteis juramentos
Eu te ensaiava prelúdio
Tu imaginavas repúdio
Ao meu leal manifesto
Nesse grandor que a conteve
O nosso amor sempre teve
Febril prenúncio de um resto 

Até que num tom nervoso 
Tu proferiste quimeras 
Eu não era teu esposo 
Nem minha esposa tu eras
Com declaração nefasta
A todo instante me arrasta
Por rumos curvos sem calma
Marcando as horas nos versos
Desses assuntos diversos 
Que a vida guarda na alma

Pra quê negar se sabemos 
Que quem vê os meus acervos
Verá que sempre vivemos 
Em uma guerra de nervos
Quantas vezes nossas costas 
Foram dadas por respostas
A necessárias perguntas 
E a falta de idéias boas
Têm feito muitas pessoas 
Deixarem de viver juntas

Belas canções e poemas
Que fiz pra ti e gravei
Documentam os dilemas
Que desse amor suportei
Desinteresse por sexo
E nosso amor sem reflexo
De uma amizade legítima
Não nos permite mais chance
E no final do romance 
Cada um sai como vítima 

Nossos prazeres profundos 
Por mais que se façam belos
Você em poucos segundos
Faz deles podres farelos
Seu ódio por mim é tanto 
Que ainda que eu fosse um santo
Talvez você conseguisse 
Me por abaixo dos níveis
De todas coisas horríveis 
Que de mim você já disse