Você que não entende nossa luta Um dia desse abandona a cidade Esqueça o preconceito e vá sem medo Pra conhecer a nossa realidade Não pense só porque somos da roça Que nós não temos sentimento e coração Se a estampa de colono não lhe agrada Talvez depois possa mudar de opinião Se o nosso jeito é meio rude e falquejado Se temos pés e as mãos calejadas É de pisar descalço no puro chão Curvando as costas no arado e na enxada Se pra falar não somos requentados Mas a nossa palavra é um documento Pois não adianta em querer trovar bonito Se falo coisas que prometo e não sustento Você não sabe que mais de oitenta por cento Dos produtos que vão pra o consumidor E o alimento que está na sua mesa Quem produz é o pequeno agricultor E este homem que muita gente despreza Se ele um dia resolvesse não plantar Imagine que situação chegaria Nem com dinheiro se teria o que comprar Se aqui viemos não foi pra pedir favor Mas pra exigir o que é nosso por direito Que os governantes cumpram as suas promessas E o colono seja tratado com respeito Quando sabemos que existe enrolação A nossa paciência também se cansa Então a gente se organiza e vai pra luta Pois não podemos viver só de esperança Você é um operário da cidade E lá na terra eu sou um agricultor E embora explorados, cada qual No seu oficio é um trabalhador Vamos unir nossas forças, companheiro E organizados acabar co'a exploração Você na indústria e eu na roça somos fortes Mas pra vencermos é preciso darmos as mãos