Conheci um nego véio Num bolicho beira estrada Sentado num banco tosco De bombacha arremangada Puxava uma oito baixos Cantava e dava risada Dava risada o nego véio, tocava e dava risada Descendente de escravos Ele tinha sangue forte Era pobre mas honrado E zombava da própria sorte Era alegra e bonachão Mas tinha a vida marcada Talvez por isso que o nego Tocava e dava risada Dava risada o nego véio, tocava e dava risada Perguntei pro nego véio O motivo da risada Me respondeu no momento Sem dar uma vacilada Não sei porque alguns tem muito E muitos que não tem nada Só sei que quando eu morrer Da vida não levo nada Por isso eu vivo tocando Cantando e dando risada Dá risada nego véio, nego véio dá risada