Quando vim lá da minha terra Deixei por lá muita recordação O meu cavalo, por nome Esperança Que era toda minha estimação Deixei também um apero completo Que dava inveja no próprio patrão Um par de rédeas de couro de pardo, Um pala de poncho e dois pelegão Deixei até uma lavoura plantada Onde eu tinha dado a primeira capina Eu deixei tudo, e não quis mais nada Porque criei raiva de uma china Eu deixei tudo, mas porém não ligo Sei que não volto mais pro meu rincão Estando distante não tem perigo Que a china abrande o meu coração Eu trouxe um laço de couro de pardo É o que restou da minha profissão Num entrevero de chinas bonitas Eu quero dar uma demonstração E qualquer dia eu tomo umas canha Agarro meu laço e caio na farra Já cato a china que tenha picanha E dou-lhe um pealo velho de puxarra Eu sou gaúcho, e acompanhei Todas as voltas que o mundo requer Meus interesses abandonei O estado deixei por causa de mulher Eu quero dar mais uns tiros de laço Pra ver as voltas que meu laço faz Depois então, eu descanso meu braço E sossego, e não pealo mais