Uma noite de fole lá na periferia, tira o sono do pai tira o sossego da filha, o santo esquece o milagre, padre tropeça na pia, o pai-de-santo de porre chora na cachaçaria. O chão de terra batida, a noite virando o dia, enquanto a escrava reclama o alvará de alforria, a dançarina de tango, sem rango há mais de três dias, sua nudez castigada para o candango exibia. Solta a buchada de bode, o povo aplaude a folia, marido vira-casaca, casada vira vadia, comete tanto pecado com o moço da sacristia, faz votos de castidade na claridade do dia. E tem banqueiro que não liga pra dinheiro, e tem beata requebrando no chuveiro, e pega fogo até no corpo do bombeiro, e tem forró a noite toda, o ano inteiro, e quem quiser que conte outra se não confia no sanfoneiro.