Angudadá

O Tear

Angudadá


No tear
Fios de arte a fiar
A colcha de retalhos mais vulgar
Nos desafiando, dando sarna pra coçar
Botando a cuca para funcionar

No tear
Um tesouro sem valor
Difícil de pegar feito vapor
Vejam seu recado costurado todo a mão
Que some feito bolha de sabão

Não, não

Se me escondo sob o cobertor
Bem profundo sonho
Num segundo posso costurar
Mundos sem tamanho

No pomar
Muitas frutas pra comer
Cuidado pra barriga não doer
É preciso calma e também concentração
Pra não trancar a alma num porão

Sem falar
Das coisinhas do amor
Que são delicadinhas feito flor
Ê amor danado que não deixa o coração
Em paz nem por um dia em um milhão

Não, não

Quando um fio tece o que dizer
Nem se desconfia
Que se a arte pode costurar
Tudo se recriará!