Angelica Rizzi

Cartas de Amor

Angelica Rizzi


foi no  silêncio que você entrou
preenchendo os versos   das minhas canções
as cartas de amor
o ventania espalhou na areia
da praia cinzenta 
os poemas  
onde minha palidez foi revelada 
são de histórias de alcova
todas escritas
na intimidade do
cárcere  
eu sai da prisão
receptiva aos abraços
que se seguiram
em cada jardim
criei um afeto,
revelei segredos
chorei nos braços de estranhos
descansei nos poros de um jardineiro,
que cultivava margaridas  
mãos generosas me acolheram 
ainda descanso no colo de uma mendiga  que
que divide comigo seu farnel 
ainda tenho medo do escuro
a luz  do fim  do corredor esta acesa 
como um espantalho 
que afugenta o fantasma 
adormecido nas curvas da minha cintura