Desde o dia – rico dia – Em que este mundo bendito Fez-se mundo redondito E pôs-se a girar nascia Quem cantando poderia Falar por seus semelhantes Eram os bruxos cantantes Carregando na garganta Pedaços da terra santa Onde viveram seus d’antes Abridores de picadas Sinuelos macanudos Que nos ofertaram tudo Quando não tínhamos nada Daí essa apaixonada Visão sobre os nossos feitos Por ela todo sujeito Gaúcho a cada mate Sente arranhões de combate Sangrando dentro do peito Eram as cismas de um tempo Analfabeto – sem nome – Falando através dos homens E seus genuínos inventos Melodiosos instrumentos De luz, de fé... Redenção! Afinal louvar o chão Afinal louvar os seus É compor junto de Deus A mais terrunha oração! Suas vozes campo a fora Pelo destemor e garra Por vezes lembram cigarras Por vezes tirim de espora Nenhuma onda sonora Consegue ser tão baguala A mãe terra assinala Seus filhos pra que seus cantos Possuam o mesmo encanto Que ela tem quando fala Nada no mundo suplanta Determinadas verdades Não há lugar pra vaidade No coração de quem canta! Todo aquele que levanta Sua querência na goela Levanta junto com ela Sua história secular E acaba sem notar Tornando-se parte dela Segue o passo dos segundos Passando, sempre passando E o mundo segue girando Por ser redondo e ser mundo