Vivia quieto numa casa de sopapo Onde guardava meu trapo e minha consolação Tinha uma rede, um banco, um rifle, uma panela, Uma faca, uma gamela, uma enxada, um violão. Com esse pouco, me ajeitava pela vida De dia, na minha lida; de noite, catando o som Tão satisfeito, que um ricaço parecia Toda gente me dizia: que feliz caboclo bom. Uma cabocla apareceu toda assustada Coitadinha, abandonada, sem no mundo ter ninguém Com pena dela, dei-lhe casa e dei comida Depois fui tratar da vida pra voltar no mês que vem. Na volta eu vinha pensativo, imaginando O caboclo trabalhando, sente grande a solidão Se ela quisesse companheiro, eu consentia Com o juiz da freguesia e o vigário capelão. Perto do rancho ouvi cantiga amalucada E lá dentro uma risada me chocou de supetão Vi a cabocla serelepe bambeando E um cabrocha acompanhando a tocar meu violão. Guardei a raiva, meus terecos reunindo Desse rancho fui saindo preferindo viver só Caboclo bom conhece bem a sua sina Ser casado é prata fina, ser solteiro é ouro em pó.