Amanda Murari

O amor antigo

Amanda Murari


O amor antigo vive de si mesmo
Não de cultivo alheio ou de presença. 
Nada exige nem pede. Nada espera, 
Mas do destino vão negar a sentença. 
O amor antigo tem raízes fundas, 
Feitas de sofrimento e beleza. 
Por aquelas mergulha no infinito, 
E por estas suplanta a natureza. 
Se em toda parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante, 
O antigo amor, porém, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante. 
Mais ardente, mas pobre de esperança. 
Mais triste? Não. Ele venceu a dor, 
E resplandece no seu canto obscuro, 
Tanto mais velho quanto mais amor.