Amália Rodrigues

Maria Da Cruz

Amália Rodrigues


Chamava-se ela Maria
De sobrenome da Cruz
E na aldeia onde vivia, sorria
Vivia na paz de Jesus

Tinha um amor, a quem ela
Seu coração entregara
Junto ao altar da capela
Singela, onde ela
Paixão lhe jurara

Mas certo dia
Veio saber-se na aldeia
Que o seu pastor lhe mentia
Que esse amor se lhe extinguia
Como a luz de uma candeia

Desiludida do seu amor, a Maria
Deixou o lar e perdida
Veio cair desfalecida
Num portal da Mouraria

Sofreu a dor d'amargura
Perdeu o viço e a cor
E não voltou à ventura
À doçura, à ternura
Do amor do pastor

E hoje por cruz, a Maria
Que é da Cruz, por seu fadário
Arrasta na Mouraria
A cruz da agonia
A cruz do calvário!

Ainda canta
Uma canção quase morta
Mas o estertor na garganta
Oiço já, quando ela canta
Ao passar à sua porta

Não tarda o dia
Em que ela, enfim, já vencida
Terminará a agonia
De arrastar na Mouraria
Toda a cruz da sua vida

Cookie Consent

This website uses cookies or similar technologies, to enhance your browsing experience and provide personalized recommendations. By continuing to use our website, you agree to our Privacy Policy