Pela cidade girou, girou dias sem parar Apontando o caminho do sul p'ra gente voltar Pela cidade a sua voz soou, dias sem parar E para quem não escutou o mundo ia se acabar A multidão se afoga no caos da selva de vidro tocando o céu E nada mais é como antes O saber se acumula em estantes E não sai à rua A escravidão muda a cor da pintura mas não desapareceu Já nada mais é como antes A vida se joga em instantes Ninguém vê a lua Equilibrando na cabeça a bacia de fruta O filho dorme abraçado pelo pano do Congo Da tua boca o canto que ele vai saber escutar Cantos que vêm dos cantos do norte, em kikongo Segue o teu corpo vertical na sua perfeição Segue o teu passo e com ele o rumo de uma nação Quisera deus ter teu poder Quantos mundos cabem na tua mão Vem nos dizer onde está o sul A mulher pisava o chão caminhando e fixando o sul com o olhar O ruído ficou pra trás Hoje um novo tempo ela faz Desde o seu umbigo Os homens viram então que um passo atrás também pode ser avançar E nada mais é como antes O saber saiu das estantes E ganhou a rua