Eu vou cantar a estória de maria A crioula mais bonita da minha ilha De boca em boca, de mão em mão Esquina, canto, vento, roupa, água e sabão Estória que ela não contou Mas mesmo assim (é sempre assim) o povo escutou e falou Maria é a crioula mais linda de são vicente Seu corpo tem ondas do mar dentro Quando ela se mexe é o centro Das atenções Dos olhares Das vontades Maria é a que todos desejam em são vicente Musa que concorre com a lua Quando anda no meio da rua Dá canções Dá suspiros Dá vontades Maria é a que todos falam em são vicente Seu pai ninguém sabe quem é Sua mãe preta é de são tomé Deu mistura A beleza das vontades Dizem por ai as vozes da ilha Por baixo do vestido de maria Vive a mais bela escultura Boca, cara, pés, cintura A beleza Da mistura dá vontade E o mujimbo correu O povo nunca esqueceu Pelas mesas dos bares Na rede dos pescadores Pelos cantos dos lares Lavadeiras, lava-dores Curandeiro e meretriz Cabo-verde inteiro diz Que no peito maria tem uma cicatriz Nas linhas das ruas o povo escreveu mil estórias e "porquês" Verdades na voz e noites inteiras de contos de era uma vez Jogando, cantando, fumando, inventando Enquanto ela não se movia dali Sozinha, pacata, discreta No peito de maria Uns dizem que é doença do coração Outros dizem que é truque de atriz Uns dizem que é castigo da tentação (sim ou não?) Há quem diga que é marca de amor infeliz Maria… maria… maria é quem nunca diz. Maria das vontades Maria dos olhares Maria das atenções Maria… das canções. Maria… maria… maria é quem nunca diz…