Foi num salão ali no baixo Cinelândia Perto da Spaghettilândia, na Francisco Serrador Que eu descobri que não tem bem que sempre dure Conhecendo a manicure Ana Luzia Leonor Com seu jeitinho encantador Foi a melhor dentre as comadres que eu já tive Mulher de um detetive Ex-polícia especial Era um vulcão e um pedação de mal caminho Tudo isso embrulhadinho num rostinho angelical Se eu vacilasse na parada eu podia me dar mal! Seu lindo corpo parecia uma escultura Metro e meio de altura, cento e vinte de quadris Mais cem de busto, vinte e cinco de cintura Com uma pintinha escura um pouco abaixo do nariz E esse nariz tão bonitinho e arrebitado Parecia modelado pelas mãos de um Pitanguy E ainda por cima tinha covinha no queixo E muitos outros apetrechos de fazer queixo cair – E eu passeava por ali! Mas certa noite na rua Riachuelo Um tremendo pesadelo fez a gente despertar Passos na escada, ela gritou É o Nascimento, ele é um cara violento É melhor tu te arrancar Pulei janela, estava já pulando o muro Quando no meio do escuro Ana Luzia Leonor Gritou pra rua: Pega e lincha esse gatuno! Ladrão inoportuno, ventanista e arrombador! Ai Nascimento, esse bandido me detesta! Se eu não sou mulher honesta ele ofendia o meu Pudor! E o Nascimento consolava Fica fria meu amor! É um larápio sem passado É um pé inchado, é um amador É um ladrãozinho de galinha, não levou nenhum valor Vamos de volta pra caminha, tá quentinho o cobertor!