Tudo em volta o que se vê Cada razão, cada porquê Cada passo, cada traço do processo A desordem do progresso E o retrocesso do caos Na contagem dos tesouros A canastra que é de ouros E o curinga que é de paus Entre nós, entre vocês Quem mantém a lucidez Sob um sol senegalês de mais de quarenta graus Tudo em volta o que se tem Cada tostão, cada vintém Cada fosso, cada osso do esqueleto Cada branco, cada preto No coreto da nação Na contagem das riquezas Uma mina de tristezas E um cascalho de canção Entre vocês, entre nós Quem escuta a própria voz Quando o Mágico de Oz ruge mais do que o leão Tudo em volta o que se quer Cada varão, cada mulher Cada cio, cada fio da navalha Deus me guarde, Deus me valha Na batalha dos heróis Na contagem dos martírios Deus me livre dos delírios Onde um é mais que dois Entre todos os mortais Quem é lúcido demais Deixa o limbo para trás e o Éden pra depois