A vida do pé-de-cana Vou contar como é que é Tomar banho ele não toma Passa um mês sem lavar o pé Quando tira o botinão Ninguém agüenta o chulé Sai janeiro entra janeiro Sempre curtindo no mé O pau d'água verdadeiro Que é mesmo de profissão Trabalhar não é com ele E nem gosta de patrão Se fala mal da cachaça Ele vira um leão Passa a semana inteirinha Com o umbigo no balcão A vida do pé-de-cana É mesmo a vida agitada Quando faz uma comprinha Perde tudo na estrada Quando ele chega em casa A coisa fica enrolada A mulher e a filharada Quebra ele na porrada Conheci um pé-de-cana Por nome de amadeu Ele entrou no capinzeiro Assim que escureceu Uma cobra picou ele Veja só o que aconteceu Em vez de ele morrer Foi a cobra que morreu No outro dia bem cedo Logo assim que amanheceu Sair a sua procura O seu irmão resolveu Quando encontrou com ele O homem se estremeceu Tava abraçado no litro E a cobra morta ao lado seu