No fim do século 19, os negros norte-americanos tem sua “liberdade” conquistada Todos querem ganhar o mundo, não importa aonde e nem como Eles só querem estar o mais longe possível do lugar em que viveram a escravidão O trem é a única oportunidade para escapar E eles são obrigados a viajar como clandestinos nos vagões de carga Ao alcançar uma estação, o trem dá o apito de chegada Todos que estão escondidos nos vagões têm de sair correndo para não serem pegos pelos fiscais Um dos negros afasta-se um pouco da estação e senta-se à beira da linha do trem Ele pega sua gaita Uma das poucas, senão a única, forma de expressar todo o lamento E a angústia de uma vida amargurada Sofrida pelo trabalho forçado Vida reprimida pelo preconceito e discriminação de uma sociedade que o usou E agora o descarta E ele está ali, num país que não lhe pertence e que Na verdade, nem mesmo o merece E para aliviar todo o peso que carrega em sua alma Ele começa a tocar De repente, ele ouve o apito do trem Pega suas poucas coisas E sai correndo à procura De um vagão solitário que lhe abrigue Ele entra, senta-se no canto e espera a partida, emocionado Pois sabe que aquele trem o levará para um novo destino Uma nova esperança Um novo blues