São dois emblemas, dois guascas Um branco, outro Colorado Relíquias que no passado Voejaram com altivez Levando, mais de uma vez Da campanha ao litoral A gauchada bagual Que de lança e boleadeira Incendiou serra e fronteira Atropelando um ideal! Estandartes do rio grande Eternamente rivais Que o sangue de nossos pais Tornou mil vezes sagrados Na peleia entreverados Com denodo e galhardia Fortalecendo esta cria Que foi padrão de coragem Abarbarada e selvagem Mas cheia de fidalguia! Um tem a cor dos braseados Dos fogões de acampamento E quando tremula no vento Nas coxilhas desfraldado É o sangue bem Colorado Da raça em efervescência Levando na sua essência Aquele pendão eterno Que foi tronqueira de cerno Na formação da querência! Outro é branco como a geada Das alvoradas pampeanas E nas dobras soberanas Revela, quando esvoaça Toda a nobreza da raça Que no voejar se retrata Parecendo que relata Coragem e desassombro Quando no trono dum ombro Estendido se desata! Velho lenço Colorado Tu carregas no teu pano Todo o valor haragano Dos cavaleiros charruas E acordas quando flutuas Por essas várzeas assim O eco de algum clarim Que ressurgindo da campa Anda volteando no pampa O guasca que está no fim! E tu, velho lenço branco Como a alma das chinocas Tu, que meu sangue provocas Quando te vejo esvoaçar Comigo hei de te levar Sempre alegre e satisfeito Atado do mesmo jeito Seja na paz ou na guerra Como emblema desta terra Batendo sobre o meu peito! É tradição de gaúcho Ter amor nestes dois trapos E ver na trança dos fiapos Um sentimento tão santo Por isso te adoro tanto Meu lenço branco ou de cor E até Deus nosso senhor Que usou bota, espora e mango Lês garanto que é chimango Se maragato não for!