Albertinho Fortuna

Gira, Gira...

Albertinho Fortuna


Quando o destino que ilude 
Mudar de atitude e a sorte mudar 
Quando te vires no escuro
Sem uma luz encontrar 
Quando a miséria bater 
E o peito doer e a alma penar 

Quando gastares a sola 
Pedindo uma esmola, pedindo um olhar 
A indiferença do mundo 
Que é surdo e é mudo 
Virá te assombrar 

Verás que tudo é mentira
Verás que nada é amor 
Que os outros pouco se importam 

Gira, gira 

Mesmo vencida na vida 
Mesmo gemendo de dor 
Não esperes nunca um auxílio
Nenhuma ajuda 
Nenhum favor 

Quando estiveres cansada 
De tanta maldade 
De tanto penar 
Buscando um peito fraterno 
Para, ao morrer, abraçar

Quando, na grande aflição 
Na ingratidão  
Seus dentes mostrar 
Quando os parentes brigarem
Por causa da roupa 
Que tu vais deixar 

Hás de lembrar que um coitado 
Um dia apiedado 
Tentou te avisar.