Das Barrancas do Uruquá até o Rincão dos Machados Ficava a estância velha aonde eu fui criado Desde piazito bem novo sempre lidando com gado E, pra quem de lá partiu, resta o Capão do Bugio De lembrança do passado É coisa séria um gaúcho longe do pago Até mesmo aqui no estado, vive sempre contrariado Sinto saudade do que vivi na infância Quero voltar pra estância ouvir o berro do gado E preciso ter paciência e ter calma barbaridade Prum vivente da campanha que se embretou na cidade Fui criado meio xucro respirando a liberdade Nasci e cresci em galpão, pois deixei o meu rincão E perdi a tranquilidade É coisa séria um gaúcho longe do pago Até mesmo aqui no estado, vive sempre contrariado Sinto saudade do que vivi na infância Quero voltar pra estância ouvir o berro do gado Digo, enganando a torcida, tá bom, melhorando estraga Mas ando de bolso liso, estou esperando uma vaga A firma pode ser boa e um bom salário me paga Porque eu sei que a inflação não tem o que não esmaga A vida, eu vou levando, na verdade, estou peleando Só com o toco da adaga É coisa séria um gaúcho longe do pago Até mesmo aqui no estado, vive sempre contrariado Sinto saudade do que vivi na infância Quero voltar pra estância ouvir o berro do gado A ironia do destino me trouxe de lá pra cá Porque eu sei que a evolução tirou meu sonho de piá Cortaram o capão de mato onde eu sempre ia caçar Envenenaram os açudes que eu gostava de pescar Embora tudo mudado, aqui vivo contrariado E ainda pretendo voltar É coisa séria um gaúcho longe do pago Até mesmo aqui no estado, vive sempre contrariado Sinto saudade do que vivi na infância Quero voltar pra estância ouvir o berro do gado