Estive ausente daqui Agora estou de regresso Estou vendo que o progresso Devastou o meu sertão O velho pau de aroeira Com poeira do estradão Foi cortado, que tristeza Sinto no meu coração A casinha do monjolo O humilde barracão O canto da passarada Deu lugar à solidão O velho carro de boi O gemido de um cocão Não está mais na estrada Deu lugar ao caminhão O berrante tão manhoso Agora não ouço mais E o canto dos seus olhos Me manda voltar pra trás Não vejo mais a casinha Onde morava os meus pais Só me resta a saudade Que o progresso não desfaz A estrada está de luto Com o asfalto escureceu As nuvens enegrecidas O sol desapareceu A pureza aqui da roça Benção que Deus concedeu A malvada poluição Num inferno converteu Bem-vindo seja o progresso Bendita nossa expansão Mas que venha para a roça Sem causar devastação Nós queremos o progresso Queremos a evolução Respeitando a natureza E a beleza do sertão