As coisas não mudaram muito Desde a última vez que você me viu Eu continuo arrancando as folhas do caderno Sem nem terminar de escrever o que pensei Já não faço mais tantas baldeações E olhar pro alto agora tem mais graça São tantos prédios da metade do caminho pra cá Vou procurando gente que vê a cidade da janela do apartamento As idas e vindas parecem ficar mais leves Se, depois do frio e da neblina Beirando o meio-dia Vem o sol e o céu muda de cor Se eu tô de bom humor Aquele longo trajeto que desgasta se torna bonito Eu reclamo dessa gente que ocupa uma calçada inteira E não me deixa passar Mas eu nem sei pr’onde tô indo Se eu corro, parece que minhas próprias pernas me puxam pra trás Ouvi dizer que meu caminho é esse aqui Quem sabe, eu possa ser grande também Se me perguntam, bem Ainda não tenho tanto pra contar Se as horas no relógio são iguais ao dia e o mês do meu aniversário Eu penso que algo bom deve tá pra chegar