Boleia a perna amigo apeia do estradeiro Te aprochega, vem saborear um chimarrão Porque o rancho aqui não tem tramela Tem erva é buena e se cultiva a tradição Me conta uns causos da tua vida como anda Enquanto aquece a cambona no braseiro Que num repente eu te conto a minha história Tempos de glórias deste modesto campeiro Vem te chegando moreno batista e vamos prosear um pouco Parceiro velho, agradeço teu convite Pelo aconchego e pela hospitalidade Venho de longe já cansado da viagem E na bagagem trago o manto da saudade Nem tropeadas, nem o grito do gaúcho Nem horizonte, nem a poeira da estrada Nem patacoada da peonada lá estância Só de lembrança, uma bruaca pendurada Te digo amigo, acho que eu encontrei Na tua história um pouco do meu passado Como é bom, prosear com um peão de estância Que traz na estampa o rio grande falquejado Te conto amigo, desde piá fui campeiro Já fui tropeiro muitos potros eu domei Manhãs de geadas, temporais e algum mormaço Veio o cansaço dos golpes que eu levei Amigo velho, obrigado pela prosa Mas já é tarde tenho que segui a jornada Tem mais de légua pra chegar lá meu rancho Onde me acampo, que plantei minha morada Prezado amigo, sou eu que te agradeço Pela visita e por ter mateado comigo Que o patrão velho acompanhe os teus passos E paz de Deus sempre esteja contigo Neste meu rancho desde a hora que levanto É o recanto do encontro de amigos