Queres vir cá a casa E nem o humor te salva Se ficas cá a dormir Tu és mais de bater asa Não sou gaiola, sou morada Podes vir pousar em mim Nunca fui de muita gente De ruas e ruínas Dos copos e dos beijos sem conversa Nunca fui só do momento Das noites sem manhãs Da vida que se vai e nunca espera Sou mais de ler um livro Perder-me nas palavras Esquecer-me que a vida tem um chão Sou mais de beber chá Com dois copos, se quiseres Seremos ervas da mesma infusão Queres vir cá a casa E nem o humor te salva Se ficas cá a dormir Tu és mais de bater asa Não sou gaiola, sou morada Podes vir pousar em mim Sou a calma que regressa A janela entreaberta Com vista para o mar de uma canção Sou o cheiro a primavera O calor na barriga A história que se conta grão a grão Nunca fui de rodapés Roda vira, roda vem Sou mais para um felizes para sempre Nunca fui de carapés Sou mais comida da mãe Num forna a lenha de um coração quente Queres vir cá a casa E nem o humor te salva Se ficas cá a dormir Tu és mais de bater asa Não sou gaiola, sou morada Podes vir pousar em mim Não quero ser mais uma pedra no caminho Se queres ir então vai, quando pousares serei teu ninho Podes vir pousar em mim Podes vir pousar em mim Se pousares serei teu ninho Podes vir pousar em mim