Olhos de paisagem quando a estrada é escura Olhos doces na candura Olhos de coragem prá flertar perigo Olhos nos olhos do amigo Um olhar sereno Que no serenar da alma escura nasce a luz que vem de dentro da dor Um olhar distante Quando, num prá sempre, o olhar do tempo faz fechar os olhos de um grande amor Ante os olhos do poeta Toda janela é aberta E toda fresta monta o olhar da luz Vida no olhar do esteta Vitral na arquitetura da amargura Traço que seduz Grato, caro amigo, pelo olhar errante Por ti o farol deu-se a navegar Barco na procela E a estrela-guia é cadente, mas aponta sempre para o mar de dentro Grato pelas horas Por brincar com o ocaso e com a aurora Teu brinquedo é a luz, o tempo e o lugar Grato pelos dias Por aguar amores de Maria Portuária dor de se navegar Grato pelos anos Por falar dos meus mais doces planos Barco de papel carregando o mar Já que a vida se insinua Faço o dever de rua dos teus versos E eis que vivo em paz... Nau de amores que flutua Entre a eternidade e a saudade E eu velando o cais Ilumina o astrolábio que se perdeu