Já entrou o junho Firmando o inverno e sustentando o frio O corredor vazio Marcado de casco já não traz ninguém As chuvas que vêm alagam o pasto Mesmo sendo calmas E encharcam as almas De longas esperas pra os rumos que têm O minuano toreia a quincha do galpão E verga o taquaral Gélido punhal Que sangra a paz do dia com seus desalentos Lâmina do vento de profundo corte E cicatriz tão feia Que insiste e tenteia A sangrar meu peito num cruel intento Os ponchos são cielos Donde o sereno pinta suas estrelas E as horas sinuelas nos levam Por diante entre as cerrações Almas regeladas vão quebrando geada E sustentando a vida E a pior invernia Pode ser poesia nestes corações A geada preta abraça as manhãs Com bárbaro gelo Arrepiando o pelo de quem madrugou Pra empezar a lida Mas quem ganha a vida Em cima do arreio cá nesses fundões Não espera verões Que o tempo lhe cobra a plata recebida Não hay tempestade Que atropele o tino destas almas claras O calor do brio atropela o frio cada vez mais vivo Nuvens de palheiro Já contraponteiam o tempo maleva E o inverno reza Pra que o próprio inverno bote o pé no estribo