Casa velha abandonada tão triste na solidão Com as paredes tombadas telhas quebradas no chão Coberta de pó e folhas ficou assim ao relento Vai-se aos poucos demolindo com o vendaval do tempo "Esta milonga me mata de saudade do meu Rio Grande do Sul, minha chinoca!" Curralama destruída em mourões de aroeira Não tem mais a sombra amiga daquela grande figueira Onde outrora eu brincava em meus sonhos de criança Quando nem sequer pensava nesta tristonha mudança "A saudade do meu pago está martelando um lugar bom do meu peito!" Lá na bica o monjolinho não bate mais o pilão Fugiram os passarinhos que pousavam no galpão Acabou toda beleza dessa fazenda encantada Só ficando a tristeza e vestígios de boiada "O espelho da saudade eu vejo a todo o momento, meu querido rincão gaúcho!" O roseiral da varanda de tristeza já secou As cantigas de cirandas ninguém mais ali dançou Minha quinta de fruteiras já não tem mais passarada Que em auroras vagueiras alegrava a peonada "Adeus Rio Grande querido, até um dia se Deus quiser!" Hoje vivo na cidade longe daquela morada Comovido de saudade da festiva criançada Que dos campos arejantes como pastagem reflorida Aqui reclamo distante adeus oh! terra querida