são sete léguas de chão
cortando a mata fechada
o céu da boca da noite
quando cospe a lua clara

bacurau canta de açoite
sandália sustenta a pisada
couro de calo se rompe
varando a noite gelada
todo pau de ponta é espinho
trilhando os caminhos 
da vida malvada

já passei muitas cancelas
no giro do rumo da minha intenção
arribei meu pensamento
acurando o sentido esbarrei na razão
vou me embora pro futuro
e se la não faltar pão
eu volto aquí no passado
carrego a família e toda nação

eu tenho fome de vida
não me apresso a morrer
quem esquecer do futuro 
se engancha no mundo
e não vive o viver.