Cabeleira de chuva, olhos de névoa Maria silêncio, esfarrapada, à espreita Sempre aguardando pela noite as vagas Tua angúria fala com olhadas Maria nocturna, no peirão, que esperas? Pelo dia não vives? Nasces cada solpôr? cais da primeira estrela? Maria silêncio, sempre dura e muda Maria silêncio, qual é a barca que aguardas? Da fonte dos teus olhos fluem rios de sono pero ti Sempre dura e desvelada, batida pelo vento no peirão Maria silêncio, eu roubaria no céu a estrela de mel Na água a estrela de prata para te mercar a fala Se queres ulir flores, Dar-te-ei a flor da lua Maria do mar, que barca aguardas? Maria do mar, qual é a barca que aguardas "queres o sol -- carne de lua fria? O sol é um porco-espinho difarçado No mar agora, estrela do mar, vive Pescado pela cana do abrente Dar-to-ei eu, raiolante e molhado Maria silêncio" Maria silêncio, voz dormida, fala Maria silêncio, a que afogado esperas? Maria silêncio -- da sombriça esperança -- aguardas a tua voz? Maria silêncio, as ondas do mar levado roubaram-cha De chuva e vento vestida Maria silêncio, calada...