Preto velho que muito já trabalhou Na fazenda do sinhô Tocando carro de boi Preto velho que sofreu tanta maldade Por isso não tem saudade Do tempo que já se foi Preto velho no seu rancho de sapé Sem parente e sem mulher Perdeu sua mocidade Preto velho que sofreu dores e ofensas Só espera a recompensa Na vida da eternidade Preto velho só se lembra e tem saudade Do tempo da mocidade De um alguém que lhe quis bem Preto velho sofreu tanta ingratidão Mas tem alma e coração Como nós temos também Preto velho, por seu passado de espinho Seu cabelo está branquinho Como um floco de algodão Preto velho, seu rosto já está mudado É a lembrança de um passado Do tempo da escravidão