Conheci numa cidade
Há muitos anos passado
Um moço que andava rindo
O pobre era retardado

A molecada vadia
Não dava paz pro coitado
Por mais que dele judiasse
Nunca ficava zangado

Mas nem sempre um demente
Tem os nervos controlado
Vinte anos de chacota
Suportou no povoado

Por quatro estudante um dia
João Bobo foi rodeado
Ameaçaram lhe bater
Só pra ver ele zangado

João Bobo pegou uma pedra
E atirou num dos malvado
O agressor desviou
Tirando o corpo de lado

A pedra pegou em cheio
No filho do delegado
O pobrezinho morreu
Dali minutos passado

Aquele bobo foi preso
Pra mais logo ser julgado
No dia do julgamento
Foi surpresa pro jurado

Entrou pelo forum adentro
Um mocinho bem trajado
Apresentou pro juiz
Carteira de advogado

Terminada a acusação
O réu ficou arrasado
O juiz deu a palavra
Ao mocinho advogado

(Meritíssimo senhor juiz e senhores jurados
Meritíssimo senhor juiz e senhores jurados
Meritíssimo senhor juiz e senhores jurados)

(Silêncio!
O senhor não tem argumento para a defesa do réu)

(“É nesse ponto, senhor juiz
Que eu queria ter chegado
O senhor não tolerou
Três vezes ser pronunciado
Chamando a sua atenção
E dos senhores jurados

Vinte anos esse bobo suportou no povoado
Insulta de toda espécie, nunca ficou zangado
Ouçam a voz da consciência
Julguem, senhores jurados”)

Foi essa a primeira causa
Do mocinho advogado
Vitória bem merecida
Por ele foi alcançado
Ai, o bobo foi libertado