Zilo e Zalo

Despedida de Um Poeta

Zilo e Zalo


No fim da vida
Estou gravando esta mensagem
Quem ouvir, por gentileza
Pegue este gravador

E leve às pressas
Pro meu bem lá em São Paulo
Na avenida Angelina
Lá na Vila Leonor

Se não achá-la
Faça mais esse pedido
Porque sei que dentro em breve
Deixarei de existir

Leve ao programa
Do Zé Russo ou do Meirelles
Fale lá com Athos Campos
Pra tocar pra ela ouvir

Conforme a hora
Lleve a Rádio Record
Ao programa Classe A
Que é certa a sintonia

Leve a Tupi
Nacional ou Bandeirantes
Onde tocam os meus discos
Que ela ouve todo dia

Estou morrendo, minha querida
Longe de todos, longe do lar
Esta canção é a despedida
Que seu poeta escreve a chorar

Choro de mágoa e não de medo
A minha hora sei que venceu
Mas sinto tanto partir tão cedo
Sem a ventura de um beijo seu

Deixo na terra meus sonhos loucos
Para a ganância dos fariseus
Enquanto a vida se esvai aos poucos
Dentro da noite do meu cruel adeus

Ame-me ainda por uns dois anos
Depois aceite o que lhe seduz
Porque minha alma em outros planos
Já socorrida busca Jesus

Adeus meu último amor desta terra
Pra mim se encerra a vida carnal
Eu sou uma forma de pensamento
Que volta ao mundo espiritual