Eu trago nos ombros o peso do tempo E a voz do passado no mundo é luar Eu vejo as flores do ipê, venta o vento E as estrelas caem no colo do mar Eu cruzo as estradas que ergui sem asfalto As aves no alto voando pro céu Eu ouço um cego cantar na memória E os cães da minha alma descansam ao léu Eu sonho com um mundo sem gritos Num imperfeito feito cantar Eu quero crer que o tempo é justo Que a dor não nos matará Eu miro a janela no alto edifício Arranhar o céu sem poder alcançar Os dias são brancos, as noites escuras O fim não tem hora de ser, mas será Os gestos de amor, o susto dos fracos Consolo do triste, seguir caminhar A voz que eu ouço é a da tempestade Mesma natureza reclama chora Eu sonho com um mundo sem gritos Mundo imperfeito feito cantar Eu quero crer que o tempo é justo Que a dor não nos matará Eu sonho com um mundo sem gritos Mundo imperfeito feito cantar Eu quero crer que o tempo é justo Que a dor não nos matará Eu pergunto a nuvem ligeira Quando o sol vai chegar Piso as folhas ao pé do caminho Ainda aprendendo a esperar