A artesã tece uma tela por onde se enreda A nossa solidão No fio dessa meada, a vida mais cuidada Perde a própria direção No relógio desse tempo, lentamente cai a areia E, gota a gota, enfim, a veia, resseca o coração É quando um grande amor nos mostra além da flor A sede dos espinhos Quando se perde o passo e surge o descompasso No meio do caminho É quando a dor é dor, é quando o sangue é sangue E a taça dos amantes já não tem gosto de vinho É na gota desse instante, no mar desse momento Na teia desse tempo, no deserto desse chão Que surge como um sol, ou talvez como um farol Nos salvando do naufrágio A luz de uma canção É quando uma saudade, a casa nos invade Mesmo sem permissão É quando a realidade convida uma saudade Pra uma valsa de ilusão É quando a noite desce e afloram os sentidos E navegamos perdidos numa imensa escuridão É na gota desse instante, no mar desse momento Na teia desse tempo, no deserto desse chão Que surge como um sol, ou talvez como um farol Nos salvando do naufrágio A luz de uma canção