Levanto bem cedo e vou pro trabalho Me banho de orvalho pra chegar no eito Mas esta labuta até me remoça Trabalhar na roça me faz satisfeito Embora eu saiba que tem brasileiro Que diz que roceiro não é cidadão Mas eu vou em frente e não olho pra isso Pois sei que o fruto deste meu serviço Ajuda tratar milhões de irmãos Sou roceiro, sou caipira Sou chacota nas festas juninas Mas sou eu quem cultiva o chão Pra pôr vinho e pão nas mesas grã-finas Sou mesmo roceiro e gosto de ser Cantar e colher me alegra tanto E ao ser criticado minha força aumenta O mundo alimenta da roça que planto Enquanto me chamam de desengonçado Chapéu atolado não perco um segundo Perseguindo o sonho de um dia plantar Um grande canteiro que possa matar De uma vez por todas a fome do mundo Sou roceiro, sou caipira Sou chacota nas festas juninas Mas sou eu quem cultiva o chão Pra pôr vinho e pão nas mesas grã-finas