Quando eu vejo uma campina Coberta de cerração E um luar cor de prata Clareando o meu sertão E um galo cantando ao longe Na dobrada do espigão Os tempos de serenata Me vem na recordação, ai Quando escuto uma cigarra Nas tardinhas de verão Deitado na minha rede No terreiro do garpão E as fumaças das queimadas Abafa meu coração Me alembro daquela ingrata É triste a recordação, ai Quando eu escuto um berrante Ressoando no grotão E vejo uma boiada Passando pelo estradão Meus olhos chora a saudade Do tempo que eu fui peão Somente a espora prateada Guardei por recordação, ai Hoje eu sou um velho esquecido Jogado na solidão A vida é passageira Este mundo é uma ilusão Adeus minha mocidade Sei que não vorta mais não O dia que vir a morte Acaba a recordação, ai