Eu recebi uma carta Que veio de Muzambinho Contando a história completa Da façanha do boizinho Que nasceu no mês de maio Em nosso estado vizinho Que passou tanto trabaio Já desde pequenininho O patrão mandô pro corte Repicô de pedacinho Mas a vida do carrasco Foi para o mesmo caminho, ai O boizinho era turuna Tinha o pelo amarelado Naquele sór de setembro Quando subia o cerrado No tronco do carretão Puxando carro pesado Indo o mulato pimpão Vinha por cima sentado Com a vara de ferrão Chuchava o pobre coitado Louco de sede e de fome Quase morto de cansado, ai Lá na zona de Varginha O campo tava queimado As águas que ele bebia No tempo tinha secado No meio do sapezá O boi vivia deitado Pra se escondê dos mulato Desse carreiro marvado Na vingança do boizinho Ele não tinha pensado Foi morrê numa chifrada Num certo dia marcado, ai Foi lá pro fim de janeiro Veio a chuva de verão O mato cresceu depressa Transformou em capeirão O boi alongou na serra Lá no meio do sertão Quando avistou o carreiro O tar mulato pimpão Investiu na disparada Foi dá com ele no chão Trouxe o mulato no chifre Na porta do mangueirão, ai Município de Varginha Terreno dos bananais Ficou a história do boi Há muitos anos atrás Que serviu pra dar exemplo Pra diversos capataz Que viveu dando pancada Judiando dos animais Que não sabe respondê E não pensa no que faz O pecado vai na frente E o castigo vem atrás, ai