Fez barulho no telhado Mas eu sei que é chuva mansa Pra roça é fertilidade Pro coração e a saudade Desespero e esperança Tava chovendo lá fora Quando ela foi embora Sem dizer se voltaria A chuva logo passou Só a saudade aumentou Um pouco a cada dia Cresceu como cresce o filho Cresceu como cresce o milho Plantado na Lua certa Quando eu vejo que vem água Para não morrer de mágoa Eu deixo as portas abertas Chuva bate no telhado e vaza pela goteira Pinga, pinga no meu peito uma saudade matadeira Dizem que paixão não mata Não mata mais me judia No meu peito mora uma Dia e noite, noite e dia No meu peito mora uma Dia e noite, noite e dia Fez barulho no telhado Mais eu sei que é chuva mansa Pra roça é fertilidade Pro coração e a saudade Desespero e esperança Água bate na vidraça E um dia o vido embaça Desenho o rosto dela Enquanto a imagem dura Tenho um pouco de ternura Sinto a presença dela Cabelo encaracolado Igual milho embonecado Lá na roça que eu plantei Água que vem lá de cima Vem menos que água da mina Do pranto que já chorei