Em certa manhã do mês de setembro Falo neste dia e lhes conto porque Peguei a tostada minha companheira Na lida eu peleava pra tudo aprender No embalo me fui no rumo da escola Onde eu aprendi a ler e escrever Na égua tostada eu ia bem pachola Que muitas carreiras cheguei a vencer Mais nesta manhã o sol não se via E a égua tostada algo pressentia Cutuquei de espora mas não quis correr. O meu companheiro montado num baio Contava a façanha da tarde passada De uma pescaria que fez La na sanga Mas antes que a história fosse terminada De repente um cheiro de bicho do mato Talvez fosse onça ou a bugiada Mas nem descobrimos o bicho que era Foi só bate casco do baio e a tostada E no corre pula do carreiro estreito A égua tostada levava nos peitos O que aparecia nesta disparada. Depois de passar a lagoa assombrada Entramos na mata na fúria incontida Nas patas traseiras ela se afirmou E eu vi que a carreira estava perdida Subimos de encontro daquele alambrado Por dois fios de arame se encerra uma lida A égua rodou e se fomos pro chão Meu braço quebrou e ela estava estendida O arame cortou abaixo do pescoço E eu vi a tostada no ultimo esforço Bem na minha frente morrer esvaída. E agora me lembro da égua tostada Com quem campereei uma porção de vez Dei pialos dos lindos fiz belas laçadas Mas olha a trapaça que o destino fez Ganhei dois pelegos e uma badana Ganhei rapadura pra comer um mês Daquelas carreiras que a gente fazia Quem me enfrentava ficava freguês Mas não sou campeiro eu sou trovador Aprendi cordiona e hoje sou cantor E a égua tostada canto pra vocês.