Zé Geraldo

Não some não

Zé Geraldo


Toda minha turma vivia a me falar
Existe em nossa rua uma garota de abafar
Ela é um negócio sério, é a dona do lugar
E deixa toda a turma por ela a chorar, hei
Um dia, por acaso, a garota conheci
Na festa de um amigo onde eu apareci
Com ela fui dançar depois de muito insistir
Joguei aquele bafo e na minha ela caiu, hei
Mas, ao entrar no carro, comecei a perceber
Sua onda era barata, pois não me deixou correr
Parei numa esquina, começamos conversar
E logo ela disse que era hora de voltar, hei
Chegando em sua casa segurei em sua mão
Se quis ganhar um beijo foi agindo igual ladrão
Mas, que papo furado, pra mim não serve não
Pensei rapidamente em aprontar-lhe um papelão, hei
Fingi que eu estava, por ela gamadão
Ela foi na onda e apertou a minha mão
Eu disse muito sério, pra aumentar-lhe a ilusão:
Topei muito seu papo, hã, se não some não, heim?!
A turma toda tarde se reúne na esquina
O assunto já é outro, ninguém fala na menina
E quando ela passa ninguém presta atenção
E em coro todos cantam: hei, você não some não, heim?!
Rá, some não, heim?! Topei o seu papo.
Some não.
Pode contar até quarenta e oito mil
Pode manobrar o trem das onze
Mas não some não, heim?!
Rá, não some não
Vou te dar o jornal de ontem, tá?
Rá, não some não, heim?!
Ó o jornal de ontem aí
Some não, heim?!
Rá
Não some não.