Brasil de boiada e tropeiro O meu tempo de boiadeiro Já não volta mais Os anos foram passando Os transportes foram mudando Não vejo os animais Minha traia pantaneira E o laço couro de mateiro Guardei por recordação Hoje vivo de saudade Adeus minha mocidade Sou museu na solidão Passei três meses viajando Tirando o gado nos pântanos Lá no chão de Goiás Hoje se vivo chorando Meu pelego acariciando Não zombe de mim, rapaz Eu trago nas rugas do rosto Poeira, lama e muito gosto E um berrante na recordação A Lua foi minha amada Quando eu fazia pousadas Naqueles velhos galpões Estas palavras que falo Sinto no peito um estalo Ferindo meu coração Vaqueiro de bota e espora A cavalo estrada afora Na garupa um laço e o gibão A boiada segue a passo lento A poeira acompanhando o vento Vai sumindo lá no baixadão O Sol desce avermelhado Este velho peão cansado Vive de recordação