O meu pai já está velho Seus dias estão contados Com os seus cabelos brancos Seu olhar triste e cansado Soluçando me falou Eu me sinto fracassado Eu já não aguento mais Vou vender os animais Deixo de lidar com gado Reuniu nossa família Explicou a situação Conversou com minha mãe E também os meus irmãos Vamos vender a fazenda É a nossa solução Não vou ser mais boiadeiro Deixo de ser fazendeiro Vamos deixar o sertão Ele vendeu a fazenda Foi de porteira fechada Uma vacada leiteira Boi gordo na invernada E no grande mangueirão Também a nossa porcada Uma tropa na cocheira Sua besta marchadeira E a riata pendurada Vendeu nosso carretão Seis juntas de bois carreiros No pasto a bezerrada Porco gordo no chiqueiro Tulha cheia de café Na baixada o pesqueiro Levou de recordação O berrante e o pilão E seu cachorro campeiro Fomos pra cidade grande Procurando nova vida Temos casa e apartamento Quase todos na avenida Já está todo alugado Nossa renda é garantida Mas papai nunca esqueceu Do lugar onde nasceu A sua terra querida