Sou filho da terra bruta Nascido lá no cerrado Num rancho de pau à pique Muito bem estruturado Esteio feito de aroeira Barrotes de angico lavrado Cobertura de sapé Tudo feito no machado Na cozinha um fogão de lenha Aonde mamãe cozinhava Todos os dias santos e domingos Um franguinho ela assava Sobremesa era rapadura E um queijinho fresco acompanhava Sempre tinha suco de limão E o cardápio completava No quintal um pé de mangueira E debaixo dela o carroção Papai era o carreiro Carreava com os meus irmãos Três juntas de bois pareadas Cabeçaio, Cigano e Tufão Pelo meio Galante e Grãnfino Na guia Cruzeiro e Tostão Nosso sítio era pequeno E muito bem arrumadinho Na entrada grandes coqueirais E nos fundos passava o riozinho Aonde a gente banhava E pescava alguns peixinhos Bagre, traíra e piau E muitos lambarizinhos Hoje vivo na cidade grande Minha vida é só recordar Quando alembro do velho sertão Dá vontade até de chorar Destruíram a grande pureza E as paisagens daquele lugar Hoje existe uma usina de álcool Cercada de canaviais