Eu moro lá no deserto Nas quebradas do grotão Nascido no meio do mato Vivo aqui neste sertão O meu sangue é de índio Não nego a tradição Gosto de caça e pesca Javali pego na flecha Peixe eu pesco com as mãos Minha casa é um rancho Lá no meio do cerrado Ao lado do pé da serra Na encosta do banhado Macacada pula e grita Em cima do lajeado Água desce na cascata Onça mia lá na mata Lobo rosna no roçado Sou roceiro e não nego E tenho as mãos calejadas Do machado e a foice Também do cabo da enxada Arranco toco com o enxadão Minha terra é bem cuidada Assim é que meu Deus quis Levo uma vida feliz Vou seguindo a minha estrada Aqui tenho quase tudo Poder crer, é uma verdade Farinha e rapadura Tudo na simplicidade Carne seca e gordura Aqui tenho à vontade Sou um caipira abençoado Vivo neste chão sagrado Bem distante da cidade