Olhando aquela porteira Do lado de uma paineira Ainda existe uma casinha Toda velha esburacada Sem morador e sem nada Fica bem perto da linha Ali teve alegria A paineira florescia E os passarinhos cantavam Quando a noite surgia Lá da varanda se ouvia Uma viola que ponteava Caboclinho ali vivia Com um filho e Maria Sua eterna companheira A mulher que ele amava Outros planos já traçava Foi ingrata e traiçoeira Desviando o pensamento Não cumpriu o juramento Outro homem acompanhou E sem pensar em mais nada Fugiu de madrugada E nunca mais voltou Caboclinho entristecido Com o golpe recebido Quase enlouqueceu de dor Para a mágoa aliviar Pra bem longe foi morar E a casinha abandonou Quando a paineira floresce E o cheiro resplandece Muitos recorda o passado As flores é recordação Da triste separação Desse lar abandonado Hoje conto esta história Não tive muita glória O mundo me ensinou Fiquei sem o meu paizinho Que me deu tanto carinho Mas a morte ele levou Minha mãe nunca mais vi Ninguém sabe o que senti Quando ela me abandonou Sozinho sem os meus pais Na vida sofri demais Mas Deus me amparou