Junto ao bercinho do menino agonizante Aquela freira soluçava sua dor Reconheceu que aquele era o seu filhinho Fruto de um erro que restou de um grande amor Há muitos anos foi expulsa pelos pais E sem piedade lhe tomaram o filho seu Em seu desterro num convento se exilou Chorando sempre o filhinho que perdeu Depois de freira trabalhando no hospital Agonizando um menino ali chegou Por um sinal em sua mão reconheceu Que era teu filho que tão longe ela deixou Banhando em pranto o rostinho do menino Disse baixinho em seu ouvido, filho meu Sou sua mãe, beija-me filho de minha alma E neste abraço o menino faleceu No outro dia da janela do hospital Ela olhava até sumir lá no estradão O caixãozinho que levava o seu filhinho Junto também levou seu triste coração No campo santo quando a terra lhe cobriu Ninguém podia imaginar que ali também Foi sepultado o coração daquela freira Que era mãe daquele filho de ninguém